sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Educação a Distância no Brasil e no Mundo

Estamos concluindo a disciplina cujo nome leva o título desta mensagem. A riqueza que representou para minha formação profissional na área da ead  foi indiscutível.

Discutível mesmo foram as inúmeras oportunidades de debate em torno do assunto que mobiliza os profissionais de educação a distância no Brasil e no mundo.  Quando digo discutível, quero apontar para o campo democrático da troca de idéias e não como questionamento da qualidade do curso.

Neste tempo tive a oportunidade de pesquisar sites e blogs sobre a educação a distância que  abarrotam o ciberespaço. Alguns com alguma qualidade,outros abandonados, mas alguns realmente atualizados constantemente e com discussões relevantes.

Entre estes passei a seguir o http://www.educacaoadistancia.blog.br , o http://internetnaeducacao.blogspot.com e o http://profnataliamaximo.blogspot.com.

O primeiro atualizado diariamente traz reflexões desde a área tecnológica até problemas pedagógicos e políticos relacionados a educação a distância. Realmente imperdível. Neste fiz minha participação em de suas discussões logo quando criei meu blog.

O segundo trás à discussão os pontos de intersecção entre tecnologia e educação, atualizando conhecimentos e estratégias no campo da educação que se utilizam das tecnologias.

O terceiro é um blog criado por uma colega de curso. Gostei da profundidade com que trata os temas , da atualidade e pertinência  de suas reflexões. Também aprendi com este site, pois sei que parte do que expõe é fruto de seu trabalho como tutora a distância.

Acabo por fazer um balanço da contribuição desta tarefa para minha formação. Depois de participar de diversos cursos preparatórios para o trabalho de tutor a distância, função que desempenhei na Universidade Anhanguera-Uniderp entre  2010 e 2011, resta , além de aprofunda-me mais nos conceitos trabalhados nas aulas desta disciplina, contribuir para que a eficácia da educação a distância não se limite à discussão dos preços acessíveis e das vantagens tecnológicas, deixando de lado a necessária articulação dos conteúdos e da pedagogia específica para este tipo de aprendizado.

Professores, tutores, designers  instrucionais, gestores ,pessoal de apoio técnico-pedagógico e demais profissionais envolvidos com a educação a distância têm, ao meu ver,o desafio de tornar o aprendizado a distância pela via tecnológica algo atraente e eficaz.

Ao MEC, cabe regulamentar e fiscalizar melhor a oferta dos cursos à distância no Brasil. Suas leis ainda não contemplam  satisfatoriamente o setor .Este exige muito de seus colaboradores, que não têm claramente regulamentada suas  profissões.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um novo perfil docente

(entrevista à Revista Ensino Superior)
Presidente da Associação Nacional de Tutores, Luis Gomes, defende que as distâncias entre os professores e os tutores serão cada vez menores. E que cada um tem o que aprender com o outro

Marta Avancini

 
O avanço da educação a distância deverá gerar um sistema híbrido, no qual as novas tecnologias da comunicação serão incorporadas às salas de aula convencionais, assim como algumas características do ensino presencial serão mantidas. Com isso, a figura do tutor ganhará ainda mais importância, na medida em que ele desempenha um papel central no processo educacional.

Esta é a opinião do advogado Luis Gomes, presidente da Associação Nacional de Tutores (Anated), criada em 2009 como uma reação às resistências - que, embora estejam diminuindo, ainda existem - à educação a distância no Brasil.

Em entrevista para a revista Ensino Superior, Gomes discorre sobre o papel do professor-tutor e suas atribuições, considerando-o peça fundamental também na gestão do curso. E destaca o movimento de consolidação de um novo cenário, que impõe desafios às instituições, seja no sentido de fortalecer suas estratégias de inserção no segmento do ensino a distância, seja na valorização da figura do tutor, já que este é o responsável pela interface da instituição com os alunos.

No site da Anated, associação liderada por Gomes, é possível encontrar um banco de currículos de profissionais interessados em trabalhar como tutores.

Ensino Superior - Quais são as qualificações de um bom tutor de educação a distância?
Luis Gomes - Hoje não existe uma parametrização do que é necessário para trabalhar como tutor. Geralmente, as instituições de ensino fazem uma capacitação ou um curso de formação e a partir daí o tutor começa a atuar. Diante disso, a nossa proposta é que sejam criadas diretrizes e uma normatização para o exercício da tutoria, pois atualmente cada um faz aquilo que acha melhor para si.

ES: Quais seriam, então, os parâmetros para a tutoria?
Um bom tutor precisa de uma boa base pedagógica e metodológica. O tutor precisa de habilidades novas porque a educação a distância é uma modalidade nova. Precisa saber usar as novas tecnologias e estabelecer um bom relacionamento com os alunos. Existem professores que têm 30 anos de experiência, têm uma carreira sólida na educação presencial e quando vêm para a educação a distância não dão certo porque não estão aptos a desempenhar as funções necessárias. Não porque sejam maus profissionais, pelo contrário, mas a educação a distância exige domínio das novas tecnologias de comunicação e capacidade de potencializar a interação dessas tecnologias no campo educacional.

ES: O que diferencia um tutor de um professor?
Na verdade é a mesma coisa. O que defendemos, enquanto associação, é que o tutor seja um especialista. Não adianta a instituição ter mestres e doutores, produzir um bom material didático, fazer uma boa preparação de todo o processo acadêmico e, na hora de efetivar a aprendizagem, ter um tutor despreparado. Pois o tutor é quem aplica o conteúdo na prática. Se o tutor está mal preparado, todo o trabalho anterior cai por terra. Por isso, o tutor tem de ser um professor e, mais do que isso, um professor especialista na aplicação das novas tecnologias à educação e nas metodologias do ensino a distância.

ES: Diante desse novo cenário e do avanço da educação a distância, o senhor acredita que o professor também terá de incorporar as habilidades de um tutor?
É fundamental superar essa distinção entre educação presencial e educação a distância que existe no Brasil e que leva as pessoas a acreditarem que a educação a distância é "inferior". Na Europa, por exemplo, isso não existe. Educação é educação. Acredito que haverá um movimento de aproximação. A educação presencial vai incorporar, cada vez mais, as novas tecnologias, e a educação a distância vai, cada vez mais, se aproximar do aluno. É, então, um sistema híbrido. Com a incorporação das novas tecnologias na educação presencial, as funções do professor vão se aproximar das funções do tutor.

ES: Como deve ser a formação de um tutor para que ele se qualifique e se consolide como um profissional?
Essa é uma questão em discussão na categoria que vai orientar todo o processo de formalização da profissão no Catálogo Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). É importante descrever essa nova ocupação porque dentro da normatização da educação a distância do Ministério da Educação existe a função do tutor, só que a profissão não foi formalmente criada. Por isso, uma das nossas frentes de atuação é a formalização da categoria junto ao Ministério do Trabalho. Mas para isso é preciso haver um consenso, o que ainda está sendo construído.

ES: Quantos tutores existem no Brasil? O senhor acredita que essa função tende a se consolidar como uma profissão?
Acredito que sim. Hoje existem cerca de 40 mil tutores no Brasil e quase três milhões de alunos na educação a distância, e o MEC estabelece o limite de 40 a 50 alunos por tutor. Muitas instituições ainda não cumprem a determinação, pois a educação a distância é muito nova no país e começou de maneira muito dispersa e desregulamentada, com uma infraestrutura muito precária. Este cenário está mudando com a gestão da Secretaria de Educação a Distância do MEC, que passou a fazer várias exigências em relação à estrutura e às condições de oferta, incluindo a definição do número de alunos por tutor e por professor. Além disso, está sendo criado o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) para a educação a distância, que estabelece alguns contornos para o exercício da tutoria. No que diz respeito à formação, por exemplo, o ideal é que o tutor seja especialista na sua área de atuação.

ES: De que maneira a instituição de ensino pode atuar com a finalidade de fortalecer o trabalho do tutor?
Não adianta investir em publicidade, em processo seletivo, pois quando o aluno se depara com um tutor despreparado, seja no polo presencial ou no ambiente on-line, pode acabar desistindo. O tutor tem de ser muito bem preparado tanto do ponto de vista pedagógico como do da gestão.

ES: E o que é gestão no caso do tutor?
Liderança, trabalho em equipe, gestão da inadimplência, redução da evasão, aumento na capilaridade de matrículas. É preciso incorporar novas habilidades e competências ao papel do tutor e não tratá-lo apenas como alguém que coloca a videoaula no DVD ou que reporta as dúvidas ao professor. A instituição precisa perceber que o tutor pode ser um aliado no fortalecimento da EAD. Ele pode ser uma figura importante, por exemplo, para estimular o aluno a concluir o curso, a construir um espírito de grupo e aumentar o comprometimento do aluno.

ES: Como o relacionamento do tutor com o professor pode ser melhorado?
É importante que o tutor tenha autonomia para fazer adaptações de pontos que não sejam favoráveis ou que não estejam surtindo o efeito esperado. O conteúdo produzido pode ser de difícil compreensão ou inadequado, por exemplo, e quando o tutor tem autonomia pode dar esse tipo de feedback para o coor­denador de curso. Do contrário, o tutor se sente desmotivado e todo o processo acaba sendo prejudicado.

ES: Qual a sua avaliação do futuro da educação a distância?
A instituição que não está na educação a distância está ficando para trás. Toda instituição tem de ter uma operação nessa área, ainda que seja pequena. Isso porque, como já disse, vai chegar um tempo em que a distinção entre educação a distância e educação presencial vai deixar de existir. Hoje a lei já permite que 20% do conteúdo no curso presencial seja ofertado a distância. Mas é fundamental a qualidade e não focar exclusivamente o lucro. A educação a distância é um caminho sem volta.

sábado, 20 de agosto de 2011

Espaço e tempo no aprendizado à distância

As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação têm revolucionado todos os aspectos da vida humana e provocado o surgimento da discussão sobre novos paradigmas que norteiam a vida cotidiana em todos os seus setores.
No mundo do trabalho as transformações são emblemáticas ditando comportamentos institucionais e alterando até os hábitos cotidianos das famílias.
A educação, nos moldes do mundo ocidental, acompanha as exigências do mercado de trabalho e tenta se projetar com algo inovador sem perder as características de baluarte da formação humana fundamental.
As iniciativas em educação à distância estão no centro da discussão sobre estes novos paradigmas. Educa-se à distância aproveitando a teoria de Paulo Freire deslocando o foco para a autonomia do aluno. Aliás, nem Paulo Freire, nem teórico algum, dos clássicos, previram a educação à distância nos moldes em que ela é aplicada pelas instituições de EAD atualmente. É algo realmente novo!
O que me preocupa, e quero lançar como desafio, é em que medida contempla-se a formação integral do sujeito aprendente neste modelo de educação.
Mais especificamente, quero lidar com a questão do espaço e do tempo necessários para a formação integral do sujeito aprendente.
Nos seus primórdios na Inglaterra, ou mesmo no Brasil no início do século XX, a questão era oferecer algo para um reduzido número de estudantes que buscavam algo a mais em sua formação, um complemento da formação inicial ou uma oportunidade de adquirir formação letrada básica. Vide projeto Minerva-anos 70 no caso do Brasil, que contava com altos índices de analfabetismo e ausência de um projeto político nacional viável de alfabetização à época.
Mas achar que todo e qualquer cidadão que possa pagar um curso superior seja capaz de  fazê-lo em virtude das facilidades oferecidas na EAD, acho um pouco forçado do ponto de visa mercadológico.
Estudar requer tempo e espaço.
Quando fiz as minhas graduações, estar na universidade era oportunidade única de sair do cotidiano difícil do trabalho e da pensão que vivia que nem uma televisão tinha. Era respirar o ar acadêmico e encontrar Nietzsthe, Marx, Lévi-Strauss, Freud e outros na biblioteca.
Não é nostalgia barata,mas me respondam:
Um trabalhador que se dedica oito horas por dia ao trabalho e tem responsabilidades com a família(filhos e outros afazeres), que não tem (como muitos no Brasil) uma internet rápida ou um equipamento de informática atualizado e que só se comunicam com seus tutores de forma assíncrona em virtude de seus horários, pode concluir com qualidade um curso EAD on-line?
A EAD é uma maravilha. Fico encantado com os recursos e com a quantidade de materiais que são disponibilizados. Tudo está à mão.
Há que se refletir sobre a melhor maneira, o melhor método de o aluno aproveitar o que se é oferecido a custo de, ao invés de se democratizar o ensino, elitizá-lo ainda mais.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

FUNDAMENTOS DA EAD



Algumas definições de Educação a Distância (EAD):

Dohmem (1967):

Educação a distância (Ferstudium) é uma forma sistematicamente organizada de auto­estudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que Ihe é apresentado, o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias.

Peters (1973):

Educação/ensino a distância (Fernunterricht) é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender.

Moore (1973):

Ensino a distância pode ser definido como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas a parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros.

Holmberg (1977):

O termo educação a distância esconde­-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino.

Keegan (1991):

O autor resume os elementos centrais dos conceitos acima:

  • separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial;

  • influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, organização dirigida etc.), que a diferencia da educação individual;

  • utilização de meios técnicos de comunicação para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos;

  • previsão de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um diálogo e da possibilidade de iniciativas de dupla via;

  • possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização.

Chaves (1999):

A EaD, no sentido fundamental da expressão, é o ensino que ocorre quando o ensinante e o aprendente estão separados (no tempo ou no espaço). No sentido que a expressão assume hoje, enfatiza-se mais a distância no espaço e se propõe que ela seja contornada através do uso de tecnologias de telecomunicação e de transmissão de dados, voz e imagens (incluindo dinâmicas, isto é, televisão ou vídeo). Não é preciso ressaltar que todas essas tecnologias, hoje, convergem para o computador.

Parte deste material refere-se a resenha e adaptação das seguintes fontes de referência:

Noções de Educação a Distância de Ivônio Barros Nunes, 1994.

A Faculty Resource Guide to Distance Learning at the School of Hygiene and Public Health. The Johns Hopkins University School of Hygiene and Public Health, 1997.

Preparada por Viviane Bernardo, MSc - Biomédica do Departamento de Informática em Saúde da UNIFESP.



sábado, 13 de agosto de 2011

A realidade da EAD no Brasil- Reflexões iniciais

À margem da discussão sobre as Novas Tecnologias de Comunicação e Informação aplicadas à educação e à discussão de modelos pedagógicos que contemplem satisfatoriamente a modalidade, há uma discussão que não tem merecido a devida atenção.

Trata-se da regulamentação do profissional de tutoria, elemento essencial para qualquer iniciativa em EAD.

Normalmente o tutor é contratado para atuar no acompanhamento dos alunos via on-line em procedimentos docentes de orientação, correção de trabalhos, motivação, lançamentos de notas entre outras atribuições que contemplam atividades síncronas e assíncronas.

Normalmente tem sido contratado pelas instituições que oferecem ensino a distância para uma carga horária de 20 horas semanais com salários que giram em torno de R$700,00. A exigência é de que possua especialização em alguma área relacionada ao curso que acompanha e é submetido, ás vezes pelas próprias instituições, a cursos de curta duração que o prepara para se familiarizar com os ambientes virtuais de aprendizagem que mantém características distintas do ensino presencial.

O MEC tem oferecido algumas diretrizes para a oferta de cursos de graduação e de especialização na modalidade a distância e as instituições têm investido forte nesta empreitada porque é menos oneroso para seus cofres.

A idéia é convencer candidatos e alunos de que a EAD é o futuro da educação e o sucesso da empresa passa pela quantidade e qualidade dos recursos tecnológicos oferecidos como diferencial.

Não se nega que a EAD veio para ficar, mas já está passando da hora de discutirmos com seriedade o lugar do tutor neste processo como profissional regido e protegido por regras trabalhistas mais claras.

É obvio que esta discussão não interessa às instituições de ensino a distância e o MEC,misteriosamente,não manifesta nenhum interesse em regular esta relação.

Só para ficarmos em uma única questão é bom lembrar que o tutor é classificado como docente, mas o valor de uma hora aula sua equivale a mais ou menos 1/3 do que se paga ao professor presencial.

Algumas instituições chegam ao absurdo de justificarem dizendo que tutoria não é atividade docente e outras que exploram o trabalho do tutor apenas em época de visitação do MEC para o cumprimento de medidas exigidas a continuidade de suas operações.

Remunerando mal pode-se oferecer cursos mais baratos.

Mas garante-se com isso a qualidade do ensino mesmo com as novas tecnologias?

Como negar que esta falta de clareza sobre a profissão incida diretamente na qualidade do ensino oferecido?

Como sustentar uma educação em bases cibernéticas que prescinda da valorização de um dos maiores pilares da educação em qualquer modalidade que é o professor?

Para refletir....