sábado, 20 de agosto de 2011

Espaço e tempo no aprendizado à distância

As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação têm revolucionado todos os aspectos da vida humana e provocado o surgimento da discussão sobre novos paradigmas que norteiam a vida cotidiana em todos os seus setores.
No mundo do trabalho as transformações são emblemáticas ditando comportamentos institucionais e alterando até os hábitos cotidianos das famílias.
A educação, nos moldes do mundo ocidental, acompanha as exigências do mercado de trabalho e tenta se projetar com algo inovador sem perder as características de baluarte da formação humana fundamental.
As iniciativas em educação à distância estão no centro da discussão sobre estes novos paradigmas. Educa-se à distância aproveitando a teoria de Paulo Freire deslocando o foco para a autonomia do aluno. Aliás, nem Paulo Freire, nem teórico algum, dos clássicos, previram a educação à distância nos moldes em que ela é aplicada pelas instituições de EAD atualmente. É algo realmente novo!
O que me preocupa, e quero lançar como desafio, é em que medida contempla-se a formação integral do sujeito aprendente neste modelo de educação.
Mais especificamente, quero lidar com a questão do espaço e do tempo necessários para a formação integral do sujeito aprendente.
Nos seus primórdios na Inglaterra, ou mesmo no Brasil no início do século XX, a questão era oferecer algo para um reduzido número de estudantes que buscavam algo a mais em sua formação, um complemento da formação inicial ou uma oportunidade de adquirir formação letrada básica. Vide projeto Minerva-anos 70 no caso do Brasil, que contava com altos índices de analfabetismo e ausência de um projeto político nacional viável de alfabetização à época.
Mas achar que todo e qualquer cidadão que possa pagar um curso superior seja capaz de  fazê-lo em virtude das facilidades oferecidas na EAD, acho um pouco forçado do ponto de visa mercadológico.
Estudar requer tempo e espaço.
Quando fiz as minhas graduações, estar na universidade era oportunidade única de sair do cotidiano difícil do trabalho e da pensão que vivia que nem uma televisão tinha. Era respirar o ar acadêmico e encontrar Nietzsthe, Marx, Lévi-Strauss, Freud e outros na biblioteca.
Não é nostalgia barata,mas me respondam:
Um trabalhador que se dedica oito horas por dia ao trabalho e tem responsabilidades com a família(filhos e outros afazeres), que não tem (como muitos no Brasil) uma internet rápida ou um equipamento de informática atualizado e que só se comunicam com seus tutores de forma assíncrona em virtude de seus horários, pode concluir com qualidade um curso EAD on-line?
A EAD é uma maravilha. Fico encantado com os recursos e com a quantidade de materiais que são disponibilizados. Tudo está à mão.
Há que se refletir sobre a melhor maneira, o melhor método de o aluno aproveitar o que se é oferecido a custo de, ao invés de se democratizar o ensino, elitizá-lo ainda mais.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

FUNDAMENTOS DA EAD



Algumas definições de Educação a Distância (EAD):

Dohmem (1967):

Educação a distância (Ferstudium) é uma forma sistematicamente organizada de auto­estudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que Ihe é apresentado, o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias.

Peters (1973):

Educação/ensino a distância (Fernunterricht) é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender.

Moore (1973):

Ensino a distância pode ser definido como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas a parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros.

Holmberg (1977):

O termo educação a distância esconde­-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino.

Keegan (1991):

O autor resume os elementos centrais dos conceitos acima:

  • separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial;

  • influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, organização dirigida etc.), que a diferencia da educação individual;

  • utilização de meios técnicos de comunicação para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos;

  • previsão de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um diálogo e da possibilidade de iniciativas de dupla via;

  • possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização.

Chaves (1999):

A EaD, no sentido fundamental da expressão, é o ensino que ocorre quando o ensinante e o aprendente estão separados (no tempo ou no espaço). No sentido que a expressão assume hoje, enfatiza-se mais a distância no espaço e se propõe que ela seja contornada através do uso de tecnologias de telecomunicação e de transmissão de dados, voz e imagens (incluindo dinâmicas, isto é, televisão ou vídeo). Não é preciso ressaltar que todas essas tecnologias, hoje, convergem para o computador.

Parte deste material refere-se a resenha e adaptação das seguintes fontes de referência:

Noções de Educação a Distância de Ivônio Barros Nunes, 1994.

A Faculty Resource Guide to Distance Learning at the School of Hygiene and Public Health. The Johns Hopkins University School of Hygiene and Public Health, 1997.

Preparada por Viviane Bernardo, MSc - Biomédica do Departamento de Informática em Saúde da UNIFESP.