À margem da discussão sobre as Novas Tecnologias de Comunicação e Informação aplicadas à educação e à discussão de modelos pedagógicos que contemplem satisfatoriamente a modalidade, há uma discussão que não tem merecido a devida atenção.
Trata-se da regulamentação do profissional de tutoria, elemento essencial para qualquer iniciativa em EAD.
Normalmente o tutor é contratado para atuar no acompanhamento dos alunos via on-line em procedimentos docentes de orientação, correção de trabalhos, motivação, lançamentos de notas entre outras atribuições que contemplam atividades síncronas e assíncronas.
Normalmente tem sido contratado pelas instituições que oferecem ensino a distância para uma carga horária de 20 horas semanais com salários que giram em torno de R$700,00. A exigência é de que possua especialização em alguma área relacionada ao curso que acompanha e é submetido, ás vezes pelas próprias instituições, a cursos de curta duração que o prepara para se familiarizar com os ambientes virtuais de aprendizagem que mantém características distintas do ensino presencial.
O MEC tem oferecido algumas diretrizes para a oferta de cursos de graduação e de especialização na modalidade a distância e as instituições têm investido forte nesta empreitada porque é menos oneroso para seus cofres.
A idéia é convencer candidatos e alunos de que a EAD é o futuro da educação e o sucesso da empresa passa pela quantidade e qualidade dos recursos tecnológicos oferecidos como diferencial.
Não se nega que a EAD veio para ficar, mas já está passando da hora de discutirmos com seriedade o lugar do tutor neste processo como profissional regido e protegido por regras trabalhistas mais claras.
É obvio que esta discussão não interessa às instituições de ensino a distância e o MEC,misteriosamente,não manifesta nenhum interesse em regular esta relação.
Só para ficarmos em uma única questão é bom lembrar que o tutor é classificado como docente, mas o valor de uma hora aula sua equivale a mais ou menos 1/3 do que se paga ao professor presencial.
Algumas instituições chegam ao absurdo de justificarem dizendo que tutoria não é atividade docente e outras que exploram o trabalho do tutor apenas em época de visitação do MEC para o cumprimento de medidas exigidas a continuidade de suas operações.
Remunerando mal pode-se oferecer cursos mais baratos.
Mas garante-se com isso a qualidade do ensino mesmo com as novas tecnologias?
Como negar que esta falta de clareza sobre a profissão incida diretamente na qualidade do ensino oferecido?
Como sustentar uma educação em bases cibernéticas que prescinda da valorização de um dos maiores pilares da educação em qualquer modalidade que é o professor?
Para refletir....